Monthly Archives: janeiro 2015

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Tendência do dólar: sobe ou não sobe?

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A tendência de alta do dólar parece ter estacionado. Entre o final de 2014 e início de 2015, a maior parte das expectativas dizia que o preço dispararia, dada a situação macroeconômica problemática do país. Como resultado, o dólar realmente disparou, mas parece ter estabilizado. A moeda permanece entre a faixa de R$2,60 e R$2,70, contrariando as expectativas quase apocalípticas de que chegaria a R$3,15. O que estaria acontecendo?

Essa estabilidade até mesmo surpreende. O Brasil acumula valores macroeconômicos que indicam desvalorização do câmbio e aumento do dólar. Dentre esses fatores, têm destaque o PIB fraco, a baixa formação de empregos, a alta no desemprego, o saldo externo negativo. Tudo isso indica produção fraca, descrença na economia nacional e possível fuga de dólares. Mas este não tem sido o caso.

Existe um conjunto de forças que tem mantido o dólar estável. Para começar, os juros estão muito baixos no exterior. Isso aumenta a quantidade de empréstimos de dólares no mundo, reduzindo seu preço. No Brasil, as recentes políticas macroeconômicas aumentaram a confiança no país, atraindo investimento estrangeiro. O governo também realiza políticas para conter gastos, controlar a inflação e interferir no câmbio injetando dólares no mercado. Com isso, a moeda nacional fortalece, enquanto o preço do dólar cai.

Devido a esses fatores, muitos concluíram que o pessimismo contém exageros; mas essa estabilidade pode ser frágil. O crescimento mundial provavelmente será recuperado em pouco tempo, devido aos investimentos facilitados pela baixa dos juros. Isso fará com que os juros cresçam novamente, elevando o preço do dólar. No Brasil, existe o risco de haver períodos de instabilidade política. Isso pode impedir o governo de seguir suas medidas de contenção inflacionária e suas intervenções no câmbio, permitindo a desvalorização cambial.

A estabilidade e a relativa baixa do dólar formaram uma janela de oportunidades para empreendedores, comerciantes e importadores. Essa janela permitiu e ainda permite aproveitar negócios que provavelmente podem ser considerados vantajosos e excepcionais. Importadores, investidores e empreendedores farão melhor por entender que essa tendência de estabilidade e de baixa do dólar seja definitiva. A questão não é se o preço do dólar vai voltar a subir, mas quando vai voltar.


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tarifas e ex-tarifários

O vai-e-vem das tarifas e dos ex-tarifários

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Comerciantes internacionais brasileiros convivem com uma “dança” de tarifas que caem, recaem e deixam de cair sobre importações. De repente, um produto sem tarifas é sobretaxado, enquanto outro produto com tarifas vira ex-tarifário. O que determina essas mudanças muitas vezes bruscas? Para entender, é preciso avaliar diversos fatores combinados.

Um dos fatores mais básicos é a política do governo empossado. Algumas tendências podem significar desafios para importadores. Essas tendências costumam enfatizar a importância de “proteger” a indústria nacional e o mercado doméstico. Para isso, o principal mecanismo de proteção são as taxas que recaem sobre importações, tornando difícil aos importados competirem com produtos nacionais.

O contexto econômico do país também pode determinar essas mudanças. Em época de crise, a taxa sobre produtos importados pode ser insistente. A tendência do país é de se tornar protecionista. Existe a impressão de que produtos importados ameaçam as empresas nacionais e, por conseguinte, os empregos domésticos. Isso explica a taxa sobre importados, estratégia que tenta blindar o mercado nacional.

Em algumas ocasiões, os produtos viram ex-tarifários devido às necessidades da indústria. A produção nacional é incapaz de satisfazer a necessidade nacional por insumos. Isso força a diminuição ou até mesmo a anulação das taxas, permitindo às indústrias nacionais importar insumos e voltar a produzir em maior ritmo. Isso permite evitar a queda de produtividade e o consequente aumento de preços ou corte de empregos.

A contabilidade governamental também influencia a taxação de importações. Quando as contas do governo estão deficitárias, a prioridade é recobrar o equilíbrio. Nesse caso, aumentar impostos como o II e o IPI-Importados pode ser uma forma de arrecadar dinheiro, embora dificulte a produção nacional que dependa de importados.

A fiscalização antidumping também pode determinar taxações. Quando há suspeitas da prática de dumping, o governo aciona medidas para sobretaxar o preço dos importados. Situação parecida ocorre com as medidas de salvaguarda, que protegem os produtores nacionais em épocas de fragilidade temporária. É o caso do coco ralado, que passa por períodos de baixa produção no Brasil, deixando vulneráveis os produtores nacionais.

As mudanças nas tarifas dos produtos combinam fatores políticos e econômicos. Embora sejam compreensíveis, podem ser difíceis de prever. Isso, no entanto, não dispensa comerciantes e empreendedores de acompanhar esse vai-e-vem. Importadores precisam considerar essas mudanças para realizar planejamentos em longo prazo.


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novas medidas econômicas e as importações

Novos impostos e as importações

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Mesmo sem declarar intenções, o governo toma medidas econômicas cada vez mais reveladoras. Como comentado em artigo anterior, elas indicam que a prioridade governamental é recuperar o caixa, que está negativo. As medidas mais recentes são explícitas nesse sentido: novos impostos para aumentar a arrecadação. Os impactos dessas medidas sobre o comércio internacional serão relevantes, exigindo planejamento por parte de importadores.

Os impostos aumentados incluem o Imposto sobre Operações Financeiras de pessoas físicas (IOF); a alíquota do PIS Cofins sobre importações; e a volta da Cide e do PIS Cofins que recaem sobre combustíveis. O objetivo é arrecadar cerca de 20 bilhões em 2015, recuperando a confiança no governo [1]. As medidas eram de certa forma esperadas e até mesmo desejadas. Em longo prazo, elas poderão recuperar a confiança na economia e reaquecer o mercado. Em curto prazo, no entanto, trarão impactos significantes sobre o crescimento.

O aumento do IOF pode desestimular importações por parte de indivíduos, porque aumenta os custos de empréstimos. Enquanto isso, o aumento do PIS Cofins sobre importações pode diminuir compras internacionais por parte de empresas. Indiretamente, a Cide e o PIS Cofins podem desacelerar a economia, arrefecendo mais uma vez as importações. O cenário é de possível contenção, mas pode estimular a busca de soluções financeiras, ensejadas pela busca de redução em custos.

Empresas, importadores e investidores devem buscar novos mercados, descobrindo fontes alternativas de recursos com valores mais acessíveis. As soluções financeiras para importações podem também se tornar mais eficazes, permitindo a continuidade dos negócios. Empresários, tradings e importadores terão a necessidade e a oportunidade de agirem cada vez mais em sinergia, desenvolvendo soluções que tornem possível continuar o ritmo dos negócios.

 

REFERÊNCIAS

[1] http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/01/ministro-da-fazenda-anuncia-medidas-que-aumentam-impostos.html

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Fatores que afetam o preço do dólar

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Para importadores, o preço do dólar é uma variável importante. Ele determina a possibilidade, a quantidade ou até mesmo o sucesso das operações comerciais no exterior. Entender como funciona o preço do dólar é essencial para desenvolver planejamentos e obter os melhores resultados nos negócios.

O preço do dólar oscila porque é uma mercadoria qualquer. Ele está sujeito à de “lei da oferta e da procura”. Quanto maior a quantidade de dólares, menor o preço; e quanto menor, maior o preço. Essa disponibilidade é formada pela entrada ou saída de dólares dos cofres nacionais, sejam públicos ou privados.

As oscilações cambiais não geram somente vantagens ou desvantagens. O câmbio valorizado facilita as importações, mas dificulta as exportações, e vice versa. Uma mesma empresa pode sentir ambos os impactos. Conheça agora alguns fatores importantes que afetam o preço do dólar.

Investimentos na Bolsa

Muitos investidores da bolsa de valores brasileira são estrangeiros. O exemplo mais clássico são os dos bancos. Se esses investidores concluem que a economia brasileira vai mal, eles abandonam a bolsa de valores brasileira, levando dólares consigo. Isso torna mais escassa essa moeda, desvalorizando o câmbio. O mercado de valores brasileiro pode também se tornar vantajoso, atraindo investidores estrangeiros. Nesse caso, o câmbio valoriza.

Contas do governo

Um governo que tenha contas no vermelho afugenta investidores estrangeiros, que levam seus dólares consigo. Isso diminui a quantidade de dólares disponíveis, deixando-os mais caros. O mesmo ocorre quando um governo não é transparente com suas contas públicas. Isso também afugenta investidores, que levarão seus dólares e farão o preço deles aumentar. Por outro lado, um governo responsável e transparente pode atrair investidores, podendo gerar valorização cambial e criar oportunidades para importadores.

Inflação

Quanto maior a inflação, maior a quantidade de moeda nacional. Por consequência, o preço da moeda inflacionada será muito menor em relação ao dólar, que será mais escasso em relação ao dinheiro nacional. Da mesma forma, uma inflação controlada valoriza a moeda nacional, diminuindo seu valor em relação ao dólar.

Políticas do Banco Central (BC)

O Banco Central brasileiro pode tomar medidas que valorizam ou desvalorizam o câmbio. Por exemplo, ele pode vender seus dólares para controlar uma alta abrupta no valor dessa moeda, valorizando o dinheiro nacional. É possível também que o BC compre títulos do Tesouro Nacional e diminua com isso a quantidade de moeda nacional, deixando-a mais valorizada.

Políticas do Federal Reserve (FED)

Obviamente, o banco central dos Estados Unidos da América influencia o valor do dólar, que é a moeda estadunidense. As medidas mais evidentes para isso relacionam-se com a compra ou a emissão de títulos da dívida pública. Quando emite títulos, o FED diminui os dólares disponíveis, valorizando a moeda. Ao comprar esses títulos, o FED aumenta a quantidade de dólares, diminuindo o valor da moeda.

Balança comercial

Como grande parte do comércio exterior é feita em dólares, existe a possibilidade de esses negócios influenciarem o preço da moeda estrangeira. As exportações trazem mais dólares, diminuindo o preço da moeda; e as importações enviam dólares ao exterior, aumentando o valor da moeda. Dessa maneira, déficits na balança comercial podem significar desvalorização do câmbio, ao passo que superávits podem gerar valorização.

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como o dumping é investigado

COMO SE INVESTIGA O DUMPING

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O dumping gera preocupação constante no comércio internacional. Ele é considerado uma forma de “jogo sujo”, de concorrência desleal. Ainda que não seja proibida, sua prática é condenada internacionalmente [1], fato que gera ações para contê-las. Existe, no entanto, uma dificuldade: como se investiga o dumping? Como saber se está mesmo ocorrendo?

Para determinar a existência do dumping, é preciso realizar investigações complexas. Elas costumam ser feitas com base nas práticas da Organização Mundial do Comércio. A investigação do dumping inicia com uma busca pelos preços considerados “normais” no comércio exterior. Descobrir como funciona essa “normalidade” é um dos desafios.

Os preços “normais” são investigados a partir de informações solicitadas pela OMC. Os países devem agir com transparência e informar o que for solicitado, conforme previstos pelos acordos assinados [2]. No entanto, nem sempre isso é possível.

Preço normal de produção

Quando as informações oficiais não existem ou são imprecisas, é preciso usar outros meios para determinar o preço normal do produto. Esse preço pode ser o praticado no mercado doméstico do país exportador. Se esse preço for menor do que o valor para exportação, considera-se um caso de dumping.

Há ocasiões em que o produto não é vendido no mercado interno do país exportador. Nesse caso, as investigações verificam o preço com que a mercadoria costuma ser exportada. Para investigar esse valor, a investigação analisa se o preço de exportação está abaixo do custo de produção [2].

Em certos casos, as vendas são feitas com volume baixo, o que impede usar esses preços como parâmetro para a investigação. Nesse caso, há duas alternativas: investigar a que preço o produto tem sido vendido para outros países que não seja o queixoso; e calcular o “valor normal do produto”, que soma o custo de produção, distribuição, venda, administração e lucros [2] [3].

Preço normal de exportação

Em seguida, é preciso avaliar o preço normal de exportação. Esse preço costuma ser o valor regular com que o exportador costuma negociar seus produtos com os países receptores durante certo período.

Esse valor nem sempre pode ser obtido. É o que ocorre quando os países transferem produtos entre si ou negociam com base na troca. Além disso, o valor talvez não seja confiável. Ele pode ter sido diminuído por um arranjo compensatório ou outro tipo de acordo. Neste caso, é preciso adotar medidas alternativas.

Uma dessas alternativas é utilizar o “preço de exportação construído”. Ele é formado pelo valor com que os compradores independentes revendem o produto. Se o produto não for revendido por um comprador independente, outras medidas circunstanciais são formuladas para determinar o valor de exportação [4].

Comparação entre preços

Finalmente, é preciso comparar o preço normal de produção e o de exportação. A forma mais elementar é a de comparar os preços das vendas e o das exportações que são feitas durante o mesmo período.

Para que a comparação seja justa e eficaz, a OMC solicita informações sobre acordos comerciais e etc. que possam diminuir os preços, alterando os valores que seriam considerados normais.  Essa comparação permitirá determinar se há dumping; e que medidas antidumping poderiam ser aplicadas [2].

FONTES

[1] http://unctad.org/en/Docs/ditctncd20046_en.pdf

[2] http://www.wto.org/english/tratop_e/adp_e/adp_info_e.htm

[3] http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=4351&refr=4323

[4] http://www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=106130

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gasolina

A IMPORTAÇÃO BRASILEIRA DE COMBUSTÍVEL

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A propaganda governamental foi eficaz em afirmar que o Brasil é autossuficiente em petróleo. Isso faz crer que não precisamos importar qualquer combustível derivado de petróleo, como gasolina. A realidade, no entanto, é bem mais complexa. A importação de combustível permanece importante para o desenvolvimento do país. 

Para entender a situação, é preciso entender que existem dois tipos de petróleo: o leve e o denso. O leve é mais fácil de processar. Ele facilita a obtenção de derivados nobres, como gasolina. O denso é bem mais difícil de ser refinado. Ele é útil para obter derivados brutos, como asfalto. A partir daí, é possível entender como o Brasil tem se garantido (ou não) com o próprio petróleo.

De fato, o Brasil pode ser considerado autossuficiente em petróleo denso. No entanto, ainda depende da importação de petróleo leve. O petróleo denso pode ser usado para obter derivados nobres. No entanto, o processo é muito caro. Além disso, o Brasil possui refinarias especializadas em petróleo leve. Para satisfazer sua demanda, o país precisa importar petróleo fino e até mesmo combustíveis petrolíferos [1], esforço no qual a Petrobras é um pivô. 

A Petrobras tem sido usada para abaixar os preços dos combustíveis. Isso neutraliza a oportunidade de comprar combustíveis no exterior a preços mais competitivos. Além disso, ela praticamente monopoliza a importação, porque controla a logística nacional. Dificilmente uma empresa tentará se indispor com a Petrobras, mesmo que possa importar a preços mais baratos e competir com a estatal [2]. Fazer isso poria em risco o próprio abastecimento, que depende cada vez mais de importações.

Em 2014, o Brasil precisou importar grande quantidade de combustíveis como gasolina e diesel [3]. A produtividade da Petrobras está estagnada, devido às dívidas e à corrupção. Isso a impede de satisfazer a crescente demanda brasileira. De acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Petrobras terá de importar até 2020 cerca de 120% do que importa atualmente. [4]

 

REFERÊNCIAS

[1] http://super.abril.com.br/ciencia/brasil-auto-suficiente-petroleo-446464.shtml

[2] http://exame.abril.com.br/economia/noticias/petrobras-deve-seguir-sem-concorrencia-em-importacoes

[3]http://www.companytec.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=285:brasil-busca-gasolina-importada-para-encher-o-tanque&catid=1:noticias

[4] http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2014/02/petrobras-gastara-140-mais-com-importacao-de-combustivel-ate-2020.html


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2015

BOLA DE CRISTAL DA MACROECONOMIA EM 2015

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O final do ano inaugura a temporada de previsões econômicas para 2015. Elas talvez não prevejam o futuro literalmente, mas dão a chance para importadores conhecerem as expectativas do mercado. De todas as informações, destacam-se as da macroeconomia e as do planejamento das empresas. Elas podem ser avaliadas por meio do Relatório Focus, enviado pelo Banco Central; e pela recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas sobre as intenções de investimento em 2015.

Durante 2014, o Relatório Focus demonstrou tendências consistentes sobre as expectativas para o ano seguinte. O boletim indicou diminuição contínua das projeções sobre o Produto Interno Bruto em 2015, chegando ao mínimo de 0,69 até a publicação desta matéria. Enquanto isso, as expectativas para a inflação seguiram tendência ininterrupta de alta, atingindo o limite de 6,50 no valor do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). As expectativas para o valor do câmbio seguiram tendência neutra até a metade do ano, quando começaram a se erguer. [1] A combinação indica provável cenário defensivo.

As expectativas de empreendedores mantêm ritmo estável, embora já tenham sido melhores. É o que indica os resultados de uma pesquisa da FGV sobre intenções de investimentos em 2015, realizada com mais de 3800 empresas de todos os setores. Nas indústrias, 41% planejam aumentar investimentos, contra 47% que intenciona manter o mesmo nível. Na área de serviços, 48% pretendem manter os investimentos de 2014, enquanto 42% planejam expandir. Em comércio, 52% pretendem expandir, ao passo que 48% manterão os mesmos níveis. De acordo com a FGV, as expectativas para 2015 são mais modestas do que as realizadas para 2014. [2]

Os prognósticos para 2015 estão longe de ser desastrosos, mas indicam provável tendência à cautela por parte de empresas e investidores. As projeções macroeconômicas e as expectativas de investimento são complementares: faz sentido estacionar os investimentos diante de incertezas. Existe uma boa notícia: as empresas não planejam diminuir os investimentos, mas os manter. É possível que ainda esteja em tempo de corrigir as instabilidades e retomar o crescimento perdido.

FONTES

[1] http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20141212.pdf

[2] http://www.valor.com.br/brasil/3824824/menos-empresas-planejam-investir-em-2015-aponta-sondagem-da-fgv


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rampa_planalto

EXPECTATIVAS PARA O GOVERNO REEMPOSSADO

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Janeiro de 2015 está marcado por expectativa e ansiedade sobre o mandato da presidente reempossada. As primeiras medidas são acompanhadas de muita ambiguidade e poucas explicações, aumentando a tensão herdada de 2014. Apesar desse desafio, essas medidas começam a tomar sentido. Isso as torna mais fáceis de compreender, permitindo empreendedores e investidores planejar uma estratégia viável para o ano de 2015.

A maior urgência do governo parece ser o reequilíbrio das contas. O crescimento e a própria viabilidade do país dependem disso. O governo está atualmente com saldo negativo. Ele corre o risco de se tornar um mau pagador, afugentando investidores. O novo governo precisa recuperar a confiança do mercado. Entre outras medidas, isso demanda provar que pode honrar suas dívidas. A melhor forma para isso será recuperando com urgência a disciplina fiscal.

Essa urgência pode ser verificada nas ações inaugurais desse novo mandato. Foram anunciados cortes em direitos trabalhistas e verbas ministeriais. Surgem grandes expectativas para a ressurreição de impostos como a CPMF. Novos impostos podem ser criados, como os que poderão incidir sobre LCIs e LCAs. E impostos como a Cide podem aumentar de valor. Todas as mudanças indicam essa urgência em sanear as contas governamentais.

Diante desse cenário, importadores deverão esperar aumento dos custos para importação. Existe a possibilidade de o governo aproveitar das compras no exterior para aumentar sua arrecadação. Isso pode ser feito por meio de aumento de impostos como o II ou o IPI-importados. É uma opção incômoda, porque onera o desenvolvimento do país. Mas será melhor do que aumentar a inflação ou simplesmente dar um calote, afugentando ainda mais investidores.

Para o governo, o tradeoff não será difícil de escolher. A produção nacional está em ritmo lento. É o que demonstram os resultados macroeconômicos de 2014. As demissões na Petrobras, na Volskwagen do Brasil e na Mercedes-Benz do Brasil revelam o mesmo desafio. Não seria difícil sacrificar um crescimento que, no fim das contas, já está sacrificado.

Além disso, importadores deverão esperar também aumento das taxas de juros. Isso traz a vantagem de conter a inflação e valorizar o câmbio. Mas os empréstimos bancários ficarão mais complicados, onerando as operações de importação. A medida, claro, não vai ter efeito imediato. É provável que os juros altos convivam com uma taxa de câmbio desvalorizada, contexto que igualmente desafia as importações. Para importadores, a solução será abandonar o comodismo e buscar alternativas.

Em 2015, importadores precisam buscar fontes com preços mais adequados e taxas de câmbio mais atraentes. Possíveis exemplos incluem os eletrônicos da Tailândia e as commodities da Rússia. É preciso também buscar empresas e instituições mais maleáveis em suas condições de empréstimo. Nesse caso, provavelmente vale mais a pechincha do que a fidelização. Devido às prioridades do novo governo, 2015 exige adaptações ao cenário de frugalidade que certamente marcará esse ano.

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Crise de 2008

A CRISE DE 2008 E SEU LEGADO

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Com frequência a crise de 2008 é considerada uma das maiores causas dos modestos resultados econômicos mundiais. Ela gerou um legado de maus prognósticos que ainda produz resultados práticos, como contenção de despesas e comportamento financeiro ultraconservador. Para muitos, é até mesmo incoerente dizer que a crise “deixou um legado”: ela ainda existe e está ativa. Entender essa crise é necessário para conhecer os rumos que o mercado pode tomar nos próximos anos.

Embora a economia mundial tenha recuperado um pouco do crescimento [1], a crise ainda é temida. Ela gera hesitação por parte de investidores, empreendedores e financistas, que ainda não vêem motivo para comemoração. Considerando os episódios passados, como a crise de 1990, os efeitos dessa crise deveriam ter passado rápido. Infelizmente, essa talvez seja a pior crise de todos os tempos, comparada somente à de 1929.

A crise de 2008 iniciou nos Estados Unidos da América, durante a Era Bush. Após o 11 de setembro, os EUA passaram a realizar gastos pesados com operações militares no exterior. Isso onerou demais a economia dos EUA, da qual o mundo inteiro possui dependência. A fim de se protegerem, China e Inglaterra decidiram injetar dinheiro nos bancos estadunidenses, estimulando esses bancos a emprestar mais.

Dessa forma, os EUA testemunharam uma corrida por dinheiro emprestado, principalmente para comprar imóveis, devido às facilidades de condições geradas desde a década de 1990. Quando o apoio externo acabou, os juros cresceram, gerando inadimplência e retirada de dinheiro, o que pôs muitos bancos em risco. Era o episódio conhecido como estouro da bolha imobiliária nos EUA.

Para conter a crise, a Casa Branca injetou dinheiro nos bancos, atitude pela qual recebeu críticas. O apoio foi cortado, fazendo muitos bancos quebrarem, como ocorreu ao Lehman Brothers. Isso gerou um “efeito dominó” ao redor do mundo, diminuindo o crescimento mundial. Muitos negócios dependem direta ou indiretamente dos empréstimos concedidos por bancos estadunidenses.

Nesse contexto, os países emergentes ganharam destaque. Eram vistos como um possível alívio para a crise, pois estavam crescendo, ainda consumiam e recebiam investimento externo. Havia a expectativa de que esse investimento pudesse ser usado para conter as crises que afetavam diversos países da Europa, para onde a crise estadunidense transbordou. Esses fatos explicam, por exemplo, a proeminência da política externa brasileira durante a Era Lula.

Embora a crise ainda seja temida, existem indícios que os países centrais tenham obtido alguma recuperação. Enquanto isso, os países emergentes estão novamente estagnados, como demonstra a situação presente do Brasil e da Rússia. Há analistas que consideram essa “crise” um mero golpe de retórica, como alguns afirmam ocorrer no Brasil [2]. Seja como for, a crise ou a memória dela permanece intensa nas considerações de analistas, garantindo sua realidade.

 

REFERÊNCIAS

[1] http://www.douradosagora.com.br/brasil-mundo/economia/economia-mundial-volta-a-crescer-mas-corre-riscos-para-manter-estabilidade

[2] http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/3635648/164-economistas-criam-manifesto-rebatem-dilma-nao-crise-internacional

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Coins and plant, isolated on white background

IMPORTAÇÃO TAMBÉM É PROGRESSO

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Uma leitura limitada da balança comercial impede entender o valor da importação no progresso do país. A ideia de exportar mais do que importar é simplória, porque rejeita a importação como necessidade econômica. Analistas e empreendedores precisam entender como as importações contribuem para o desenvolvimento, superando a ideia de que devem ser evitadas e até mesmo impedidas.

Uma impressão recorrente é a de que importações significariam subdesenvolvimento. Isso porque um país que importa supostamente não possuiria recursos domésticos, precisando encomendá-los. Pelo contrário, a importação é um indicativo relevante sobre o desenvolvimento do país. No auge de seu crescimento, a China importou recursos de todo o mundo.

Outra impressão comum é a de que importações causam desemprego. Segundo essa perspectiva, importar produtos destruiria a indústria doméstica, causando demissões. Isso pode ser verdade por um lado; por outro, a importação gera empregos em setores como logística, transporte e comércio, bem como nas empresas e nos serviços que abastecem e servem esses setores.

Existe o mito de que importações significam que o país está produtivamente estagnado. Como não se produz nacionalmente, seria preciso importar, a fim de abastecer o mercado. Em verdade, as importações podem indicar que a produtividade nacional está em alta. Os insumos e os equipamentos encomendados podem servir ao crescimento da produtividade industrial.

Outro mito insistente é o de que importações deixam o país à mercê da tecnologia estrangeira. Isso impediria o desenvolvimento de tecnologias próprias, privando o país de criar produtos com valor agregado. Esse mito ignora que a importação de tecnologias ajuda a estimular a criação de mais tecnologia. Trazer computadores sofisticados, por exemplo, permite desenvolver softwares, bem como desenhar produtos que tenham mais valor agregado.

A economia de um país pode se beneficiar das exportações, mas também se beneficiam das importações. Portanto, restringir a importação pode ser tão nocivo quando deter a exportação. Uma leitura simples da balança comercial impede entender como importar é crucial ao desenvolvimento do país. Quando importa, os países aumentam sua capacidade produtiva e geram empregos, movimentando riqueza em diversos setores.

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