EXPECTATIVAS PARA O GOVERNO REEMPOSSADO
Janeiro de 2015 está marcado por expectativa e ansiedade sobre o mandato da presidente reempossada. As primeiras medidas são acompanhadas de muita ambiguidade e poucas explicações, aumentando a tensão herdada de 2014. Apesar desse desafio, essas medidas começam a tomar sentido. Isso as torna mais fáceis de compreender, permitindo empreendedores e investidores planejar uma estratégia viável para o ano de 2015.
A maior urgência do governo parece ser o reequilíbrio das contas. O crescimento e a própria viabilidade do país dependem disso. O governo está atualmente com saldo negativo. Ele corre o risco de se tornar um mau pagador, afugentando investidores. O novo governo precisa recuperar a confiança do mercado. Entre outras medidas, isso demanda provar que pode honrar suas dívidas. A melhor forma para isso será recuperando com urgência a disciplina fiscal.
Essa urgência pode ser verificada nas ações inaugurais desse novo mandato. Foram anunciados cortes em direitos trabalhistas e verbas ministeriais. Surgem grandes expectativas para a ressurreição de impostos como a CPMF. Novos impostos podem ser criados, como os que poderão incidir sobre LCIs e LCAs. E impostos como a Cide podem aumentar de valor. Todas as mudanças indicam essa urgência em sanear as contas governamentais.
Diante desse cenário, importadores deverão esperar aumento dos custos para importação. Existe a possibilidade de o governo aproveitar das compras no exterior para aumentar sua arrecadação. Isso pode ser feito por meio de aumento de impostos como o II ou o IPI-importados. É uma opção incômoda, porque onera o desenvolvimento do país. Mas será melhor do que aumentar a inflação ou simplesmente dar um calote, afugentando ainda mais investidores.
Para o governo, o tradeoff não será difícil de escolher. A produção nacional está em ritmo lento. É o que demonstram os resultados macroeconômicos de 2014. As demissões na Petrobras, na Volskwagen do Brasil e na Mercedes-Benz do Brasil revelam o mesmo desafio. Não seria difícil sacrificar um crescimento que, no fim das contas, já está sacrificado.
Além disso, importadores deverão esperar também aumento das taxas de juros. Isso traz a vantagem de conter a inflação e valorizar o câmbio. Mas os empréstimos bancários ficarão mais complicados, onerando as operações de importação. A medida, claro, não vai ter efeito imediato. É provável que os juros altos convivam com uma taxa de câmbio desvalorizada, contexto que igualmente desafia as importações. Para importadores, a solução será abandonar o comodismo e buscar alternativas.
Em 2015, importadores precisam buscar fontes com preços mais adequados e taxas de câmbio mais atraentes. Possíveis exemplos incluem os eletrônicos da Tailândia e as commodities da Rússia. É preciso também buscar empresas e instituições mais maleáveis em suas condições de empréstimo. Nesse caso, provavelmente vale mais a pechincha do que a fidelização. Devido às prioridades do novo governo, 2015 exige adaptações ao cenário de frugalidade que certamente marcará esse ano.
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