Os desafios atuais do comércio internacional no Brasil
O presente cenário econômico demanda avaliar a política brasileira de comércio exterior. O mercado mundial ainda é estratégico para a recuperação do país. Ele torna possível encontrar fornecedores, compradores e preços competitivos. No entanto, as chances de explorar essas possibilidades têm sido reduzidas pelas políticas atuais, que combinam aumento de impostos e elevação de custos para o comércio internacional.
O mercado e o comércio brasileiros têm sido desafiados pelas prioridades governamentais. Devido às contas negativas, o governo aumenta os esforços para recuperar o caixa. A principal estratégia para isso é a criação e o aumento de impostos, como ocorre na reforma fiscal. Essas ações recaem com facilidade sobre importações e exportações, fazendo o Brasil acumular saldos comerciais negativos em 2014 e no primeiro trimestre de 2015 [1] [2].
A importação sofreu aumentos em cargas e tributos. O montante do ICMS importação e do PIS-Cofins importação foi elevado de 9,25% para 11,75% [3]. Indiretamente, o aumento da taxa Selic (juros) e da taxação sobre lucros dos bancos encarecem os empréstimos, muitas vezes necessários às importações. O resultado é um arrefecimento previsível da produção nacional, devido à dificuldade para obter equipamentos e matéria prima.
A desvalorização do câmbio também desafia as importações. As reservas internacionais do governo foram esgotadas. Isso o impede de manter o câmbio em patamares menores. Além disso, o presente contexto obriga o governo a manter elevado o preço do dólar, para estimular as exportações e aumentar a arrecadação. As exportações são beneficiadas, mas as importações ficam mais restritas, dificultando o investimento em produtividade.
Apesar do câmbio, as exportações também sofrem reveses. Segundo o Fundo Monetário Internacional, os custos para exportação brasileiros estão entre um dos mais elevados do mundo. O custo de exportação no Brasil é 21% maior do que de países no sul da Ásia e 55% do que em países da África Subaariana. Como resultado, o Brasil ocupa a 63ª posição entre 138 exportadores analisados, tendo sofrido retração de 7% em 2014 [4].
A burocracia para exportação também impõe obstáculos aos produtores menores. Por terem volume reduzido de produção, suas encomendas têm de ser condicionadas no porto, exigindo serviços com alto custo. Isso restringe a competitividade dos produtores brasileiros e desestimula o crescimento [4].
Combinando aumento de tarifas, complexidade burocrática e juros elevados, a política governamental impõe limites às possibilidades de explorar o comércio exterior. Diante desses desafios, importadores e empreendedores devem fazer uso extensivo de planejamento e de gestão para manter e elevar suas atividades. Apesar das dificuldades de acesso, o mercado internacional permanece como solução.
REFERÊNCIAS
[1]http://www.acritica.net/editorias/economia/brasil-perde-mercado-com-politica-de-comercio-exterior-alerta/149303/
[2] http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/04/balanca-comercial-registra-em-marco-primeiro-superavit-mensal-de-2015.html
[3] http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/aumento-de-aliquota-de-pis-e-cofins-em-importados-e-aprovado
[4] http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1090/noticias/burocracia-nos-portos-e-obstaculo-serio-as-exportacoes