
OS MODELOS DE INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA
A integração sul-americana é um dos episódios que mais produzem expectativas e ansiedades nas relações comerciais brasileiras. Esses esforços de integração poderiam reduzir ou até mesmo zerar tarifas, gerando oportunidades para importadores. No entanto, o Brasil produz resultados limitados nesse contexto, principalmente se comparado com os de países vizinhos que possuem orientação econômica mais liberal.
Essa diferença de resultados evidencia dois modelos diferentes de integração latino-americana. Com objetivos e propostas divergentes, esses modelos começam a responder pelos nomes de Atlântico e Pacífico. Embora não exista rivalidade entre ambos, analistas costumam contrastá-los entre si, a fim de compreender como se desenvolve a integração sul-americana.
A tendência do Atlântico tem sua vitrine no Mercosul. Com ênfase política e estrutura mais abrangente, seus países mais representativos são Venezuela, Argentina, Bolívia e Brasil. A tendência do Pacífico tem sido representada pela Aliança do Pacífico. Voltado para o comércio, seus países mais emblemáticos são Peru, Chile e Colômbia.
As diferenças nos resultados são significativas. Os países da Aliança do Pacífico reduziram a zero as tarifas de quase 90% de seus produtos [1]. Com isso, passaram a acumular juntos 36% do PIB sul-americano [2]. Enquanto isso, o Mercosul reúne parte expressiva do PIB sul-americano [3], mas enfrenta desafios para sua integração, devido às discordâncias e até mesmo às disputas internas entre os membros.
A Aliança do Pacífico leva algumas vantagens técnicas sobre o Mercosul. Os países da Aliança possuem pouca assimetria entre si. Eles são economicamente parecidos, o que facilita obter trocas mutuamente vantajosas. O mesmo não ocorre no Mercosul, cujos membros possuem diferenças econômicas gritantes. A maior parte dos membros do Mercosul são menos relevantes do que o Brasil, que encontra dificuldades para vencer as desconfianças e gerir o bloco.
Existem tentativas de aproximação entre os dois modelos. Por meio do Brasil, o Mercosul busca aproximar-se de Colômbia, Chile e Peru [4]. Essa aproximação permitiria aos membros do Mercosul desfrutar dos resultados comerciais positivos obtidos pela Aliança. O Brasil também busca aproximar-se individualmente da Aliança do Pacífico. Isso seria tecnicamente possível, pois o país possui tarifa zero para quase todos os produtos que negocia com esses países [5].
Apesar desses esforços, a aproximação do Brasil com esses blocos não é apoiada de forma unânime. Muitos empresários brasileiros defendem aproximação com os Estados Unidos da América [6]. Mesmo sem apoio unânime, o Mercosul obteve avanços comercialmente relevantes, como a criação do Banco do Sul e os acordos comerciais assinados com Israel.
REFERÊNCIAS:
[2] http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-alianca-do-pacifico-avanca-imp-,1130910
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