O CRESCIMENTO DA CHINA
Um provérbio chinês afirma que ver um dragão no céu é sinal de boa sorte. Pois o crescimento da China foi como um dragão que sobrevoou países como o Brasil e vizinhos como o Vietnã e Myanmar. O mesmo não ocorreu para economias como a japonesa e a estadunidense, rivalizadas pelo dragão vermelho. De qualquer forma, a China tornou-se uma variável relevante da economia mundial, fato que gera cada vez mais expectativas sobre esse país.
O mercado chinês gera oportunidades para todo tipo de importador. Seus produtos possuem preços competitivos. Suas pechinchas podem ser desfrutadas até mesmo por consumidores casuais, como os clientes do Ali Baba. Além disso, a China tem melhorado a qualidade de seus materiais e aumentado o registro de patentes [1], superando o estigma de ser uma economia “barata” e “pirata”. Tudo isso demonstra o sucesso econômico da China, que iniciou ainda no século XX.
A liderança desse sucesso costuma ser atribuída às reformas do presidente Deng Xiaoping. Ele carrilhou a China em um projeto baseado em economia de mercado. A frase “enriquecer é glorioso”, atribuída ao presidente, resume o espírito chinês. Com essa mentalidade, a China desenvolveu um intrigante “socialismo de mercado”, um híbrido idealizado por Xiaoping. Com a chegada do século XXI, esse curioso híbrido enfim floresceu, surpreendendo o mundo.
A partir da década de 1990, o Produto Interno Bruto chinês obteve taxas de crescimento impressionantes: média de 9 pontos percentuais entre 1999 e 2012 [2][3]. Houve muitas discussões sobre como um modelo econômico de mercado conseguia esses resultados sob um sistema político centralizador e unipartidário. Deng Xiaoping explicava dizendo não haver contradição entre socialismo e liberdade comercial. A explicação não convenceu diversos países, que suspeitaram de competição ilegal.
O crescimento chinês não ocorreu sem revezes ou polêmicas. As altas taxas de poluição e a violação dos direitos humanos ensejavam protestos por parte de diversas potências. Esses protestos eram baseados em interesses geopolíticos: a combinação entre salários baixos, desrespeito a direitos trabalhistas e poluição eram consideradas as “explicações secretas” da alta competitividade chinesa. A China realizou esforços para superar a ideia de um país poluidor, mas as críticas persistiam, mesmo sem o apoio de países que se beneficiaram desse crescimento.
Ao mesmo tempo em que rivalizava com potências, a China surgiu como oportunidade para mercados como o brasileiro. O crescimento econômico chinês demandou grandes volumes de minério, aumentando o preço de commodities e beneficiando o Brasil. Esse ritmo se manteve mesmo após a crise de 2008, quando o governo chinês passou a investir pesadamente em obras civis. Isso explica o sucesso da política econômica e da balança comercial brasileira durante o período. Apesar disso, o desenvolvimento chinês parece ter encontrado um limite.
Atualmente, o dragão parece ter deixado os céus brasileiros. O desenvolvimento econômico chinês reduziu-se para cerca de 7% ao ano. Em relação ao ano anterior, o comércio exterior chinês demonstrou em 2014 uma baixa de 6,7% nas importações [4], indicando possível declínio econômico. Embora não seja absoluto, esse declínio é sentido pelo Brasil desde 2010. Neste ano, o modelo econômico brasileiro foi radicalmente mudado, devido à crise mundial de 2008 e ao pouso do dragão chinês. Mesmo assim, importadores continuam sendo beneficiados pelos produtos da China, que passou a enfatizar suas (competitivas) exportações.
REFERÊNCIAS:
[1] http://ao.chineseembassy.org/por/sghd/t1220712.htm
[2] http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?c=ch&v=66&l=pt
[3] http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.KD.ZG
[4] http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/12/china-apresenta-queda-inesperada-nas-importacoes.html
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