Mudanças no Itamaraty, oportunidades para importadores
O atual governo brasileiro é contestado em várias pautas, mas ao menos em uma delas avança sem obstáculos: as relações exteriores. A recente mudança de Ministro gerou adaptações perceptíveis na agenda internacional brasileira. As política externa ganha novas diretrizes, passando a contemplar em vários pontos o comércio exterior. Após quase dezesseis anos de diplomacia politizada, o comércio e a economia mais uma vez ganham prioridade. Importadores precisam estar atentos a essas mudanças, porque podem trazer vantagens aos seus negócios.
Parte das mudanças no Ministério das Relações Exteriores (o Itamaraty) recai sobre a forma de aproximação com possíveis parceiros. Existe a percepção de que o multilateralismo e a Organização Mundial do Comércio não geram resultados adequados. Dessa forma, a diplomacia brasileira busca abordagens alternativas. Maior ênfase é dada aos tratados bilaterais e plurilaterais, junto a parcerias estratégicas. Enquanto isso, o Mercosul é reorientado para o livre comércio interno e para parcerias externas com Europa, Estados Unidos da América, Aliança para o Pacífico e Japão, privilegiando uma agenda de interesses comerciais.
Outra parte das mudanças cria nova base de orientação para as relações internacionais brasileiras. A vocação política cede lugar ao pragmatismo comercial, com ênfase sobre avaliações econômicas, estudos comerciais e favorecimento da balança comercial. Depois de anos com foco em relações ideológicas, o Itamaraty abandona gradualmente a lógica da relação Sul-Sul, passando a buscar parceiros comerciais fortes. Em nome dessa aproximação, ênfase é dada também a remoção de barreiras não tarifárias, equilibrando possíveis parcerias com países de economia desenvolta.
Essa reorientação da diplomacia brasileira provavelmente será estável. No Brasil, as relações internacionais costumam ser herméticas e pouco debatidas. Objeções a gestão atual certamente continuarão, mas a política externa brasileira continuará em low profile. As mudanças no Itamaraty certamente continuarão sem grande notoriedade, evitando maiores questionamentos ou críticas. É o momento certo para importadores começarem seus preparativos. Eles poderão em breve se beneficiar de parcerias estratégicas com economias fortes, de onde poderão importar com vantagem e benefícios obtidos diplomaticamente.
Esse favorecimento diplomático, no entanto, não gera maior facilidade operacional para o comércio exterior. Importações prosseguirão sujeitas a diversos tipos de risco. A burocracia e a complexidade alfandegária continuarão elevadas, demandando abordagem profissional. O mesmo ocorre ao setor logístico, que exige planejamento sofisticado para obter soluções adequadas. O setor financeiro e o equilíbrio cambial permanecerão complexos, devido aos desafios macroeconômicos herdados do último governo. Sem orientação profissional, importações podem sofrer atrasos, carestia, multas.
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